sexta-feira, janeiro 08, 2016

[Resenha] Eternidade por um Fio - Ken Follett

Eternidade por um Fio foi lançado no Brasil em 2014, se não me engano em setembro ou outubro e era um dos livros que eu mais esperava ler na época, pois ele encerra a Trilogia O Século escrita por Ken Follett. O lançamento veio, eu solicitei e ele estava parado na estante desde então, sim, mesmo querendo muito ler ele estava lá parado. Agora vou lhes contar porquê!

Eternidade por um Fio
O Século #3
Autor: Ken Follett
Editora Arqueiro
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Skoob


Sinopse: Durante toda a trilogia O Século, Ken Follett narrou a saga de cinco famílias americana, alemã, russa, inglesa e galesa. Agora seus personagens vivem uma das épocas mais tumultuadas da história, a enorme turbulência social, política e econômica entre as décadas de 1960 e 1980, com a luta pelos direitos civis, assassinatos, movimentos políticos de massa, a guerra do Vietnã, o Muro de Berlim, a Crise dos Mísseis de Cuba, impeachment presidencial, revolução... e rock and roll!
Na Alemanha Oriental, a professora Rebecca Hoffman descobre que durante anos foi espionada pela polícia secreta e comete um ato impulsivo que afetará sua família para o resto de suas vidas.
George Jakes, filho de um casal mestiço, abre de mão de uma brilhante carreira de advogado para trabalhar no Departamento de Justiça de Robert F. Kennedy e acaba se vendo não só no meio do turbilhão da luta pelos direitos civis, como também numa batalha pessoal.
Cameron Dewar, neto de um senador, aproveita a chance de fazer espionagem oficial e extraoficial para uma causa em que acredita, mas logo descobre que o mundo é um lugar muito mais perigoso do que havia imaginado.
Dimka Dvorkin, jovem assessor de Nikita Khruschev, torna-se um agente primordial no Kremlim, tanto para o bem quanto para o mal, à medida que os Estados Unidos e a União Soviética fazem sua corrida armamentista que deixará o mundo à beira de uma guerra nuclear.
Enquanto isso, as ações de sua irmã gêmea, Tanya, a farão partir de Moscou para Cuba, Praga Varsóvia e para a história.
Como sempre acontece nos livros de Ken Follett, o contexto histórico é brilhantemente pesquisado, a ação é rápida, os personagens são ricos em nuances e emoção. Com a mão de um mestre, ele nos leva a um mundo que pensávamos conhecer, mas que nunca mais vai nos parecer o mesmo. 
Para ser sincera o livro não ficou todo esse tempo parado na estante, durante o último ano eu o peguei várias vezes crente que finalmente iria conseguir dar seguimento a leitura. Mas mais uma vez sou obrigada a lembrá-los da minha ressaca literária épica. No último ano mais precisamente foram poucos os livros densos que consegui ler e Eternidade por um Fio se encaixa perfeitamente nessa característica, além disso o livro é literalmente pesado e não dava para sair carregando por aí, são 1072 páginas de história, política, romance e conflitos étnicos, eu definitivamente não estava no clima, mesmo que quisesse muito concluir a trilogia. Porém, eu tenho um Kindle, e isso facilitou enormemente a minha vida. Mesmo assim foi uma leitura demorada, foram longos 9 dias para concluir, mas no final valeu muito a pena.

Nos últimos dois livros acompanhamos 5 famílias durante as duas grandes guerras mundiais, conflitos, tensão e política não faltou em mais de 2.000 páginas. Contudo, em Eternidade por Fio o foco da narrativa é a Guerra Fria, a luta do comunismo X capitalismo e a transição governamental enfrentada pelos países envolvido na história. Devido a isso a história deste terceiro volume é baseada mais em tensão do que na ação propriamente dita, visto que nem Russia nem Estados Unidos queriam declarar a 3º Guerra Mundial. Isso a meu ver fez o ritmo da história parecer lento. Se em Queda de Gigantes e Inverno do Mundo a narrativa foi coberta de ação e se passou em no máximo 20 anos, em Eternidade por um Fio temos 40 anos de história em que a principal atividade das duas maiores potencias foi uma briga de gato e rato.

Além disso, o núcleo Inglês da narrativa foi completamente esquecido politicamente, para não deixá-los de fora Follett deu aos descendentes dos Leckwith/Willians a função artística e revolucionária. Os personagens centrais deste terceiro volume não chegam a ser tão empolgantes como seus antepassados, principalmente o jovem negro George Jakes, apesar de sua luta genuína pelos direitos civis americanos e de o personagem estar no centro do poder governamental estadunidense ele é me pareceu sem sal. Porém, o núcleo ao qual ele está inserido é sem dúvida o mais interessante de toda história, ou seja, Jack (John) Kennedy, Martin Luther King, Bobby Kennnedy e assim sequencialmente durante quarenta anos. George é a nossa ligação com os homens mais poderosos dos anos 60 até os famigerados e conclusivos anos 90. Follett foi ainda mais ousado politicamente e traçou um caminho inteligente para justificar ações e situações ocorridas durante esse período, tanto que o que mais me fascina nas histórias do autor é quando ele disserta sobre política, inserindo seu personagens no núcleo do poder.

Apesar de a narrativa ter se tornado lenta e cansativa ela não deixa de nos interessar, principalmente pelos detalhes que já conhecemos da história do mundo. Este fato faz com que, apesar de tudo, a história seja empolgante, o leitor se vê ansioso para ver como determinado fato irá se desenrolar. Eu confesso que chorei pelos Estados Unidos durante as terríveis perdas que tiveram nos anos 60. Mas  o mais emocionante desta história toda foi o ano de 1989, quando o mundo finalmente começa a mudar. Eu me arrepiei lendo sobre a queda do muro de Berlim, a sede de liberdade dos personagens alemães e acima de tudo a esperança que nunca os abandonou. Intrinsecamente ligado aos alemães estão os Russos, em pleno auge da URSS acompanhamos o poder de perto e percebemos o quão falho o comunismo tirano impostos pelos governantes russos foi prejudicial para o mundo.

Em termo de leveza na obra temos o Rock n' Roll, uma época em que o movimento beat estava nascendo até o seu auge. Foi interessante ver como artistas forma importantes em uma época de tanta repressão. Enfim, Eternidade por um Fio trás diversos assuntos em uma única história, da segregação racial à opressão comunista Ken Follett transita brilhantemente nos 40 anos mais tensos da política externa. Esta trilogia não é só para os amantes de literatura história, é principalmente para quem assim como eu é curioso sobre a história do mundo. Follett não foi só um escritor que acertou de mão cheia em sua narrativa, ele foi um gênio, e até fez com que eu me interessasse por política.
Melhores Quotes:

"– Você não acredita em Deus?– Acho que provavelmente deve existir alguma inteligência que controla o universo, um ser que decide as regras, como o E = MC² ou o valor de pi. Mas esse ser provavelmente não liga se nós o louvamos ou não. Duvido que as sua decisões possam ser manipuladas rezando para uma estátua da Virgem Maria, e não acredito que ele vá lhe dar algum tratamento especial só pelo que você usa pendurado no pescoço."

"De quem era a culpa? Não só do atirador. Era de todos os brancos racistas que instigavam o ódio. E de quem não fazia nada em relação às injustiças cruéis.Pessoas como ele."

"– O Coração é um mapa do mundo, sabia? – disse ela.– Como assim? – retrucou ele. – Não entendi.– Um dia eu vi um mapa da idade Média. A Terra aparecia como um disco plano, com Jerusalém no meio. Roma era maior do que a África, e a América, claro, nem parecia. O coração é um mapa assim. Nós estamos no centro, e todo o resto está fora de escala. Desenhamos bem grandes os amigos de infância, e depois é impossível ajustar sua escala quando outras pessoas mais importantes precisam ser acrescentadas. Qualquer um que tenha nos feito mal aparece maior do que deveria, e o mesmo vale para quem a gente amou."

"As pessoas ao redor de Lili começaram a entoar um canto:– Abram! Abram!Quando o canto morreu, Lili pensou ouvir ao longe outro canto, vindo do outro lado. Apurou os ouvidos. O que eles estavam dizendo? Acabou conseguindo entender:– Venham! Venham!Compreendeu que os moradores de Berlim Ocidental também deveriam estar reunidos nos postos de controle."

"Na tela Jasper Murray falava ao vivo de Berlim e gritava, animado: "Os portões estão abertos e os alemães-orientais estão vindo! Estão passando às centenas, aos milhares! Este é um dia histórico! O Muro de Berlim caiu!""



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